domingo, 5 de setembro de 2010

Responsabilidade Social: As atividades de formação de Antígona

     


     Depois de estrear com todo vigor na semana passada, Antígona prossegue em temporada no Teatro da CDL em Feira de Santana. Hoje é o último dia de apresentação. Hora de realizar um balanço de todas as inúmeras coisas positivas que rolaram até aqui.  Destas,  talvez a mais relevante tenha sido a importância que a temporada deu aos alunos da rede pública de ensino proporcionando acesso gratuito aos espetáculos e realizando atividades de formação.

    Toda a equipe do projeto demonstrou o quanto acha relevante esse tipo de atividade, não apenas por retornar à sociedade um trabalho que foi financiado com dinheiro público, mas também por ter um importante  papel no que diz respeito à formação de platéia.

   O teatro feirense esta em franco desenvolvimento e ações como as que realizamos é uma maneira de expandir a platéia, muitas vezes acostumada a gêneros como, por exemplo, comédias, farsas ou textos que se utilizam de uma linguagem coloquial, ou seja, de fácil assimilação e entendimento. Apesar de ser um texto difícil, Antígona é uma peça de rara e linda poesia altamente filosófica. É importante para trazer um novo referencial, amadurecendo  a recepção do público local. 



     Realizamos sessões extras na sexta-feira (03/09) às 10h da manhã para o Colégio Militar de Feira de Santana. Foram aproximadamente 460 alunos do Ensino Médio de faixa etária entre 14 e 18 anos. O Teatro da CDL ficou super lotado pois a sua capacidade é de apenas 230 lugares.


 

      Quando chegamos ao teatro aproximadamente às 8h para os preparativos da sessão que começaria às 10  já haviam muitos alunos do lado de fora. Ficamos sabendo mais tarde que estes eram de cidades circunvizinhas que enfrentam algumas horas de viagem para estudar no colégio. E em nenhum momento, no foyeur ou já dentro do teatro aqueles jovens demonstravam insatisfação ou infelicidade. Sempre com um sorriso no rosto e com aquela alegria juvenil contagiante.
  

     O espetáculo transcorreu sem nenhum problema. Não houve interrupções devido ao comportamento da platéia ou problemas técnicos. Todos, mesmo os que estavam desconfortáveis, comportaram-se divinamente. Tinhamos a sensação de que aquela não era uma platéia de escola pública, devido aos estereótipos aos quais estamos acostumados.

    Depois do espetáculo realizamos um debate sobre a temática abordada pela peça com o objetivo de checar o que os alunos assimilaram do que viram. Fomos surpreendidos novamente. Primeiro, pelo comportamento impecável daquela audiência. Nem era necessário microfones para amplificar a voz dos estudantes que faziam perguntas. E quantas perguntas! Segundo pela qualidade desses questionamentos. Foi incrível observar a maturidade intelectual daqueles alunos. Sentiamos novamente deslocados, pensando que estavávamos  diante de repórteres  e não alunos do ensino médio. Cada questão era acompanhada de uma análise prévia que a introduzia.









    Incrivelmente, mesmo com a dificuldade do texto com sua linguagem não coloquial, percebemos que os alunos assimilaram as principais idéias. A análise, por exemplo, de um dos alunos sobre o nú do personagem Polinices (irmão de Antígona que tenta invadir a cidade de Tebas, e, por isso, é proibido de ser enterrado por Creonte, regente da cidade e Tio do mesmo) na cena da guerra dos sete contra Tebas foi dígna de um grande crítico teatral. Sua questão era sobre se o seu desnudamento pelos outros guerreiros não siginificava a perda da dignidade do personagem. Uma análise extremamente madura, consistente e de total conexão com o que a cena propusera em forma de metáfora.

    Foi uma bela experiência para todos naquela manhã. Os alunos foram para suas casas com um sorriso no rosto, mesmo depois de assistirem uma peça trágica. Os artistas voltara para a pousada com maravilhados com o que proporcionaram e com o desejo de que toda escola pública fosse como aquela. Que formasse jovens pensadores e críticos para atuarem na sociedade, assim como eles atuam no palco.




                                                                                                                 Fotos: Francisco André

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

ANTÍGONA: A Temporada de Estréia



                                                                                                 Foto: Patrícia Martins
     Esse é o ultimo final de semana da primeira temporada de Antígona da Cia A Barca de Teatro. O espetáculo vem dando o que falar em Feira de Santana, cidade natal dos principais integrantes do grupo e que tem o prazer de apreciar a estréia do espetáculo, e despertando bons comentários no público e na imprensa local.

                                                                                                                        Foto: Patrícia Martins


     A primeira semana  da temporada que teve início no dia 26 de Agosto, de quinta a domingo, no teatro da CDL, foi recheada de grandes e intensas emoções e muita correria para acertar os últimos detalhes de produção para que o público presente degustasse o melhor que poderíamos oferecer do espetáculo. A correria e agitação típicas de um período de estréia de um grande espetáculo foi aumentada pelo fato do recurso do apoio financeiro do edital Manoel Lopes Pontes 2010 - Apoio à Montagens de Teatro ter sido disponibilizado com apenas dez dias antes da estréia. Correndo contra o tempo, técnicos e artistas, profissionais renomados em suas respectivas funções (atores, diretores, produtores, cenógrafos, figurinistas, iluminadores, dentre outros), se esforçavam para cumprir os seus trabalhos em tempo hábil e com uma qualidade mínima para ser entregue aos espectadores.

                                                                                                    Foto: Patrícia Martins

        O público da primeira semana foi especial, principalmente por contar com boa parte dos familiares e amigos de toda a equipe. Em conversas depois do espetáculo pudemos perceber que, mesmo achando o texto difícil por não ser de uma linguagem coloquial, todo o público gostou do resultado e se emocionaram diversas vezes com o drama da nossa protagonista. Muitos choravam em vários momentos do espetáculo mostrando que um texto de aproximadamente 2.400 anos ainda hoje pode tocar a platéia.


                                                                                                                             Foto: Patrícia Martins

     Mesmo sendo um clássico, o texto de Sófocles é bastante atual. A figura da mulher na sociedade contemporânea, apesar dos avanços, ainda tem muito o que evoluir. Muitas conquistas foram alcançadas e hoje temos o privilégio de ver duas mulheres disputando o cargo mais importante da política- o de presidente da república. Ao passo que a figura feminina ainda é rechaçada em letras de músicas, por exemplo.


                                                                                                       Foto: Patrícia Martins

     Em Feira de Santana quem ainda não viu o espetáculo, tem apenas até domingo próximo (05 de setembro) para prestigiar. Antígona, na montagem do grupo A Barca de Teatro é uma grande oportunidade para os feirenses de prestigiar a volta aos palcos de alguns de seus grandes atores Como a Ana, O Gledson e o Antonio, que há algum tempo não atuavam em espetáculos. E também acompanhar o trabalho dos demais intérpretes que vem aperfeiçoando à cada sessão suas performances no palco.

                                                                                                                                   Foto: Patrícia Martins
                        
O QUE?  Antígona
ONDE?  Teatro da CDL em Feira de Santana
QUANDO?  De 26 de Agosto a 05 de Setembro, Quinta a domingo às 20h.
QUANTO?  R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia). Estudantes de escolas públicas não pagam apresentando o comprovante de matrícula.




                                                                                                                                 Foto: Patrícia Martins